A flexibilização das faixas exclusivas para ônibus em João Pessoa tem gerado impactos negativos no sistema de transporte coletivo da cidade. Dados recentes divulgados pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP) mostram que o tempo médio das viagens aumentou e a velocidade dos ônibus caiu 20%, passando de 19,5 km/h para 15,6 km/h. A mudança afeta diretamente os cerca de 180 mil passageiros que utilizam o transporte público diariamente na capital paraibana.
Atualmente, João Pessoa conta com 20 km de faixas preferenciais em vias estratégicas, como as avenidas Epitácio Pessoa, Dom Pedro II, Josefa Taveira, Vasco da Gama e Lagoa. Esses corredores foram criados para priorizar o transporte coletivo, desafogar o trânsito e reduzir emissões de poluentes. Em horários de pico, cada ônibus chega a transportar até 60 passageiros, o que equivale a mais de 40 carros ocupados individualmente. No entanto, a abertura dessas faixas para veículos de serviços essenciais, como ambulâncias, viaturas policiais, transporte escolar e táxis com passageiros, tem comprometido a eficiência do sistema.
Estudo Revela Impactos Negativos
Um estudo realizado pelo Sintur-JP entre os dias 17 e 21 de fevereiro expôs as consequências da liberação das faixas. Na Avenida Dom Pedro II, por exemplo, o tempo de percurso em um trecho de 2,6 km aumentou de 8 para 10 minutos. A redução na velocidade média dos ônibus impacta não apenas a pontualidade, mas também a qualidade de vida dos passageiros. "Minutos extras dentro do ônibus afetam diretamente trabalhadores, que dependem de pontualidade. É um retrocesso. Mais tempo dentro do ônibus é menos tempo com a família em casa", destacou Isaac Moreira, diretor institucional do Sintur-JP.
Além da perda de eficiência, a flexibilização das faixas também aumenta os riscos de acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motocicletas. A priorização do tráfego de ônibus é considerada vital para evitar conflitos entre veículos e garantir a segurança no trânsito.
Ônibus vs. Carros: Uma Questão de Espaço e Sustentabilidade
De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), os ônibus transportam 74% dos passageiros ocupando apenas 8% do espaço viário, enquanto os carros particulares, responsáveis por 26% dos deslocamentos, monopolizam 80% das vias. Essa disparidade reforça a importância de manter as faixas exclusivas para ônibus, que são fundamentais para a mobilidade urbana sustentável. "Priorizar o transporte coletivo é a única forma sustentável de melhorar a mobilidade. Cada ônibus cheio substitui dezenas de carros, reduzindo congestionamentos e poluição", afirmou o Sintur-JP.
A NTU também ressalta que as faixas preferenciais elevam a velocidade operacional e a capacidade do sistema, tornando o transporte público mais confiável e atraente. A entidade defende que a priorização do transporte coletivo é essencial para garantir a eficiência e a sustentabilidade do trânsito nas cidades.
Desafios e Perspectivas
A flexibilização das faixas exclusivas em João Pessoa coloca em xeque a eficácia do transporte coletivo e a qualidade de vida dos usuários. Enquanto o poder público busca equilibrar as necessidades de diferentes modais, especialistas e entidades defendem a manutenção das faixas preferenciais como uma medida essencial para garantir a agilidade, a segurança e a sustentabilidade do sistema de transporte. Para os passageiros, a esperança é que a priorização do transporte coletivo seja retomada, garantindo mais eficiência e menos tempo perdido no trânsito.