Braiscompany atrasa pagamentos e coloca culpa na Binance: Empresa, que tem sede em Campina Grande, faz a gestão de R$ 600 milhões em ativos digitais

Fundador tem passado ligado a esquema de pirâmide financeira com uso de Bitcoin

Por Redação - Além do Fato em 12/01/2023 às 01:41:17

A Braiscompany, empresa brasileira que afirma trabalhar com locação de criptomoedas, está atrasando os pagamentos. Investidores confirmaram para a reportagem do InfoMoney que os valores que deveriam ser pagos no dia 30 de dezembro ainda não caíram em suas contas.

O negócio, que tem sede em Campina Grande (PB), capta criptomoedas de pessoas e paga uma remuneração mensal que, segundo os clientes, pode chegar a 9%. O modelo é semelhante ao da Rental Coins, que fazia parte de um esquema fraudulento com cripto criado pelo "Sheik das Criptomoedas", preso no ano passado.

"Iríamos receber R$ 7 mil (no dia 30), já que o rendimento de dezembro foi de 7%. Não recebemos. Isso está deixando cada vez mais claro que há um problema de liquidez na empresa", disse um cliente que investiu R$ 100 mil no ano passado e pediu para não ser identificado. Até agora, ele só conseguiu recuperar 20% do valor.

Outro investidor, que também pediu para não ter o nome revelado, relatou a mesma situação. "Não consegui receber (no mês passado). Fiz um contrato de R$ 20.000 e outro de R$ 8.400, o que daria R$ 2.000 em média (por mês)".

A página da Braiscompany no site Reclame Aqui e grupos de conversas e redes sociais foram inundados com reclamações semelhantes nas últimas semanas. Por causa do excesso de críticas, o perfil do Instagram do negócio foi fechado para comentários.

Mudança de versão

A reportagem entrou em contato com a Braiscompany por e-mail pedindo mais detalhes sobre o motivo dos atrasos, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto. No final do ano passado, a empresa divulgou para alguns clientes que a demora na liberação do dinheiro estava acontecendo por causa da criação de um novo aplicativo do negócio.

Em uma live realizada na noite da segunda-feira (9) no Instagram do advogado Artêmio Picanço, especializado em blockchain, o CEO da Braiscompany, Antonio Inacio da Silva Neto (conhecido mais como Antonio Neto Ais), mudou a versão e disse que a culpa dos atrasos é da Binance, corretora da qual a empresa diz que depende 100% para operar e fazer pagamentos.

"A Binance vem travando os saques e transferências sempre que ultrapassamos o limite de três, quatro ou cinco Bitcoin (BTC). Ela trava por alguns minutos, destrava, desbloqueia, trava novamente. Isso vem acontecendo desde novembro e se agravou em dezembro".

Ele disse ainda que a exchange agora quer saber a origem do dinheiro e pediu prints de conversas como provas. "Isso vai contra tudo que defendemos de descentralização", falou.

Por meio de nota, a Binance diz que não "realiza quaisquer ações em contas que não sejam devidamente embasadas nos termos e condições, contratos e políticas vigentes e aceitos por todos os usuários". A empresa não citou o nome da Braiscompany no comunicado.


Passado ligado a fraudes

Especialistas do mercado financeiro e cripto recomendam para os investidores pesquisarem tudo sobre a empresa e os proprietários antes de fazer qualquer investimento. No caso da Braiscompany, ela foi fundada por Antonio Inacio da Silva Neto e sua esposa, Fabricia Farias Campos (conhecida como Fabricia Ais), em maio de 2018, segundo a Receita Federal.

Antes de virarem empresários, no entanto, os dois eram líderes da D9 Club de Empreendedores, um conhecido esquema de pirâmide que usava o Bitcoin como fachada para lesar vítimas, e que deixou milhares de pessoas no prejuízo no Brasil.

No final 2020, os dois respondiam a pelo menos 20 processos judiciais relacionados ao caso. Algumas das ações citavam Danilo Vunjão Santana Gouveia (conhecido como Danilo Dubaiano), criador da D9 que fugiu para Dubai após o caso.

Em 2019, o programa Fantástico, da rede Globo, mostrou como Dubaiano vive uma vida de luxo nos Emirados Árabes Unidos.


Fonte: InfoMoney

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